A Espanha possibilitou aos judeus o desenvolvimento de sua cultura; o florescimento de acadêmias de estudo que se igualavam àquelas da Mesopotâmia que surpreendia os sábios, para os quais a Espanha era a ultima fronteira da terra.
Apesar do Édito de Expulsão dos Judeus em 1492, os judeus mantinham uma ligação profunda com o lugar que vivera. Antes mesmo dos Árabes no Século VIII conquistarem a Peninsula Ibérica, os judeus já tinham suas comunidades, mas a presença dos Árabes possibilitou um avanço maior. Essa presença deu início com a anexação da Península Ibérica ao Império Romano.
Iniciaram-se grande perseguisão aos judeus com muitas mortes, alguns fugiram para o Norte da África, na Gibraltar. Em 711 - EC, os exércitos islâmicos invadiram a Espanha, e parte dos judeus exilados puderam retornar a Espanha. A situação agora era melhor, pois os muçulmanos perseguiam os visigodos os quais haviam perseguido os judeus, pelo contrário, além de os acolher, entregava cidades para o seu controle. Bons tempos esses, em que havia harmonia entre judeus e árabes, como acontece no Brasil, e em outras partes do mundo, menos no Oriente Médio.
Estava indo tudo muito bem com os judeus, pois tinham a confiança irrestrita dos árabes e houve um periodo de trabalho, paz e prosperidade. Em 1391, começam as perseguições aos judeus na Espanha, em 1432 a coisa fica mais apertada para os mesmos quando é instalado o Tribunal da Santa Inquisição, que durou de 1540 a 1821..
Em 31 de março de 1492 é assinado o Édito de Expulsão dos Judeus, pelos reis católicos Isabel e Fernando, no Palácio de Alhandra em Granada, sendo concedido um prazo de até 31 de julho daquele ano para que os judeus se batizassem cristãos católicos, ou deixassem o país.
No ano de 1992, os judeus de Israel e Diáspora, comemoraram os 500 anos de Sefarad, e em São Paulo não foi diferente, pois foram promovidos vários eventos para lembrar a data, quando participei da maioria deles. Os judeus judeus que aceitaram o batismo católico, passam a serem conhecidos por Cristãos Novos.
Entre 165 mil e 400 mil, sairam da Espanha no prazo estipulado, sendo recebidos em Portugal, permanecendo no país cerca de 50 mil judeus que se "converteram", forçados ou espontaneamente, ao catolicismo, através de diversos métodos de tortura, que a história deixou registrado.
Os judeus na Península Ibérica [Espanha e Portugal], são conhecidos por Sefarad, ou Sefaradin no plural, falavam o Ladino, que é uma lingua formada com espanhol e o português.
Rabino Abrahan Senior, ou Fernando Núñez Coronel.
Viveu o mesmo na espanha no Século XVI. Ele, que por tradição familiar era tido como descendente do rei Davi, foi obrigado pela Inquisição a se converter ao catolicismo em 1492, quando passou a se chamar após o batismo católico, Fernando Núñez Coronel.Isso não foi suficiente para mantê-lo na Espanha e ele acabou fugindo com a família para a Holanda.
Os descendentes dele, chegaram a primeiro a Pernambuco e depois à Paraíba no Domínio Holandês, que futuramente se espalhariam pelo resto do Brasil, atraídos pela liberdade de culto e prosperidade da colonia portuguesa, com produção e exportação do açúcar.
Samuel Nuñez Ribiero
Certamente você já ouviu falar da 'Era Dourada' dos judeus da Espanha, há quase mil anos. Foi na época em que a Espanha era governada pelos árabes. Muitos judeus notáveis e famosos, talmudistas, poetas, filósofos e músicos floresceram na Espanha naqueles dias. Rabi Moshe ben Maimon, Rabi Judah Halevi, Rabi Moses ben Nachman, Rabi Avraham ben Ezra, Rabi Solomon ibn Gabirol, Rabi Joseph In Migash são apenas alguns dos vultos famosos de nossa História. Muitos judeus também ocuparam posições importantes nos assuntos de Estado, como conselheiros ou ministros dos governantes árabes, os Califas, como Hasdai ibn Shaprut, Rabi Samuel Hanagid, e outros.
Os estadistas e financistas judeus, bem como os mercadores e artesãos, ajudaram a desenvolver o comércio e a indústria do país. Havia famosas academias talmúdicas (yeshivot) nas comunidades judaicas espanholas, e os judeus viviam felizes, tanto material quanto espiritualmente. Este feliz estado de coisas durou por cerca de duzentos anos, e então veio o trágico fim. Primeiro houve uma mudança nos governantes árabes, que deixaram de ser amigos dos judeus. Então a Espanha passou gradualmente a ficar sob o domínio dos cristãos, que expulsaram os árabes e se tornaram os novos governantes.
Pois nem bem o reinado cristão foi firmemente estabelecido na Espanha, e começaram os terríveis tempos para os judeus. Monges fanáticos espalharam o ódio contra os judeus que não aceitavam a fé cristã. Havia libelos de sangue e ataques contra judeus. Estes tiveram de fazer uma terrível opção: a cruz ou a espada. Embora muitos judeus preferissem morrer por sua fé, outros não tiveram a força de fazê-lo, e se tornaram "cristãos" apenas no nome, praticando secretamente sua fé judaica. Eram chamados "Marranos" (porcos, em espanhol) pelos cristãos, que os desprezavam e odiavam. Os líderes da Igreja começaram a vigiá-los, e estabeleceram um tribunal secreto, a Inquisição, onde os Marranos suspeitos eram torturados para serem forçados a confessar sua lealdade à fé judaica. Então eram queimados vivos em praça pública, para espalhar o terror entre os outros Marranos.
Apesar disso, os Marranos demonstraram imensa coragem, e continuaram a praticar sua fé secretamente nos porões de suas casas. Eles casavam-se apenas entre si mesmos, e permaneciam fiéis à religião de seus ancestrais. À medida que aumentavam as perseguições contra os judeus, crescia o número de Marranos. A Inquisição decidiu que enquanto houvessem judeus na Espanha, os Marranos não assimilariam com os cristãos, e de qualquer maneira os judeus não eram mais desejados na Espanha. E então, quando o Rei Fernando e a Rainha Isabel de Espanha uniram todos os cristãos sob seu governo, foram persuadidos pela Inquisição a expulsar os judeus do país.
Em Tishá Beav de 5252 (1492), os judeus da Espanha foram expulsos do país; somente aqueles que concordavam em se tornar cristãos tiveram permissão de ficar. Cerca de 150.000 judeus deixaram suas casas e seus pertences para trás, e saíram da Espanha. Isso foi tudo que restou dos judeus que certa vez tinham vivido tão felizes naquele país. Muitos deles encontraram refúgio no país vizinho, Portugal, mas após cinco anos foram expulsos ainda mais cruelmente daquela nação. Os Marranos continuaram a levar a vida como antes, e a Inquisição teve muito o que fazer nos séculos seguintes.
Daremos aqui a história de uma famosa família de Marranos, cerca de duzentos anos após a expulsão da Espanha e Portugal.
Os Marranos daqueles países, vivendo em constante terror, tinham apenas uma esperança: escapar para algum país amigo para jogar fora aquele odioso disfarce e viverem abertamente como judeus.
Assim ocorria com a família Nunez. Durante muitas gerações, esta família mantivera sua fé judaica em segredo, e alguns membros da família tiveram morte violenta nas mãos da Inquisição. (Clara Nunez foi queimada em Sevilha, Espanha, em 1632, e no mesmo ano Isabel e Helen Nunez também foram condenadas à morte por sua lealdade à fé judaica). Um ramo da família, que vivia em Portugal, estava entre as mais conhecidas famílias nobres. Embora vivessem quase 250 anos depois da Expulsão da Espanha e Portugal, esta família ainda observava secretamente a religião judaica. Era liderada por Samuel Nunez, nascido em Portugal, e que se tornara um famoso médico. Fora nomeado Médico da Corte do Rei de Portugal. Além dos serviços que prestava à família real, toda a nobreza considerava um privilégio ser atendido por ele. O Dr. Nunez não era requisitado apenas como profissional, como também era convidado a todos os eventos sociais importantes. Além disso, quando ele organizava um banquete ou um baile em seu lindo palácio sobre o Rio Tejo, a elite da sociedade lisboeta estava entre seus convidados.
O Dr. Nunez ainda era jovem quando atingiu o auge do seu sucesso profissional e nos círculos sociais. Isso naturalmente provocou inveja entre os seus competidores, e a Inquisição deu a eles uma excelente oportunidade de tentar prejudicá-lo.
Embora na superfície o Dr. Nunez fosse um católico tão bom quanto qualquer outro cristão que freqüentasse a igreja, os líderes da Inquisição registraram os avisos dados pelos inimigos do médico. Eles conseguiram infiltrar um "agente" na casa da família Nunez, disfarçado de criado, para informar sobre o que acontecia no círculo familiar.
Finalmente o agente relatou que a família Nunez estava definitivamente praticando a religião judaica em segredo, pois todos os sábados, eles se recolhiam a uma sinagoga nos subterrâneos do palácio, onde jogavam fora o disfarce de cristãos e rezavam como verdadeiros judeus.
Embora os líderes da Inquisição conseguissem prender toda a família Nunez e colocá-la na prisão, sua alegria durou pouco, pois o Dr. Nunez era muito popular e tinha amigos influentes entre a nobreza. Estes convenceram o rei a libertar Dr. Nunez e sua família da prisão e permitir que se instalassem novamente no palácio como Médico da Corte.
Geralmente o rei era completamente influenciado por seu "padre confessor" – um sacerdote católico, mas nesse caso ele não lhe contou sua decisão (apoiado por toda a família real), dando ordens para que a família Nunez fosse libertada imediatamente e pudesse voltar à sua residência às margens do Tejo.
Havia uma condição, porém, que empanava a alegria da família Nunez durante sua libertação – dois funcionários da Inquisição deveriam residir com a família para certificar que eles não praticavam a religião judaica. Isso, obviamente, fez o Dr. Nunez planejar uma fuga. Mas como conseguir isso sob os olhos sempre vigilantes dos inquisidores?
O Dr. Nunez teve uma idéia ousada e brilhante. Organizou um banquete e convidou todas as pessoas importantes da cidade. Entre essas havia muitos funcionários de altos cargos que, embora suspeitassem dele no tocante à fé, ficaram felizes em aceitar o convite para o banquete, pois era considerado um privilégio estar presente.
O banquete terminou e o baile estava no auge quando o Dr. Nunez mandou a orquestra parar e fez a seguinte declaração chocante:
"Meus amigos! Tenho uma bela surpresa para vocês! Estão todos convidados a embarcarem em meu iate, que foi preparado para o vosso prazer. As diversões da noite continuarão ali, com o Capitão ao vosso serviço. Por aqui, Senhoras e Cavalheiros!"
Com estas palavras, Dr. Nunez saiu da sala, e todos os convidados o seguiram alegremente, deliciados com a surpresa.
Todos apanharam seus casacos e, conversando com animação, embarcaram no iate que balançava suavemente no embarcadouro do palácio.
O que os convidados não sabiam era que uma surpresa não muito agradável os esperava. Somente uma hora depois do embarque, eles perceberam que o iate estava se movendo! E a julgar pela velocidade, não era um iate, mas um barco enorme. Sim, eles estavam navegando para longe da costa de Portugal a toda velocidade, rumando para as praias mais amigáveis da Inglaterra. Bem, amigáveis para a família Nunez. O médico arranjara cada detalhe com a ajuda dos seus parentes, os Mendez, um dos quais tinha se casado com a filha de Nunez. Este conseguira vender em segredo parte de suas propriedades e outros bens, e tinha transferido o dinheiro para a Inglaterra através de mensageiros secretos. Assim ele conseguiu contratar um capitão britânico para levar seu barco ao Rio Tejo na noite do banquete, preparado para receber muitos passageiros.
O Dr. Nunez assegurou aos convidados que, assim que chegassem à costa inglesa, o barco voltaria imediatamente com eles para Portugal. Quanto ao Dr. Nunez, os convidados tinham de admitir que não era sua culpa o fato de ser obrigado pela Inquisição a deixar o país que estiveram tão pronto a aceitar seus serviços e seu conhecimento, mas não lhe permitira que ele e a família vivessem segundo sua fé e consciência.
Conforme fora arranjado com antecedência, a família Nunez foi transferida para outro barco que estava deixando a Inglaterra com outros marranos a caminho da Geórgia, na América, para estabelecer uma colônia. No verão de 1733, os Marranos, liderados pela família Nunez, chegaram a Savaná, na Geórgia. Foram calorosamente recebidos pelo governador inglês, James Oglethorpe, um homem tolerante e compreensivo.
Quando os administradores do território em Londres souberam que Oglethorpe tinha doado terra aos refugiados judeus, e que eles construíram casas e estavam bem estabelecidos, enviaram um protesto indignado ao Governador, dizendo: "Não queremos que a nova terra se torne uma colônia judaica!"
O Governador, porém, era um homem justo que percebera como tinha sorte de contar com refugiados tão valiosos. O Dr, Nunez certamente seria útil naquelas vastidões semi-desertas, pois poucos profissionais se aventuravam a viver naquele país pioneiro. Os outros refugiados, também, tinham levado seus ofícios e riquezas com eles, mas mesmo que não tivessem, o bondoso Governador não tinha intenção de fazer os recém-chegados sofrerem perseguição no novo país. Eles já tinham sofrido bastante em suas terras de origem.
Quando os administradores em Londres continuaram a insistir com Oglethorpe para expulsar os colonos judeus, ele fingiu levar a ordem em consideração. Porém os registros daqueles tempos, ainda preservados em Savaná, demonstram que não apenas ele não expulsou os judeus, como ao contrário, concedeu-lhes ainda mais terras e privilégios.
A História nos conta que o Dr. Nunez e sua família mais tarde se mudaram para Charleston, na Carolina do Sul. Porém alguns membros da família permaneceram em Savaná, cultivando as seis ricas propriedades que receberam do Governador Oglethorpe, pelos valiosos serviços prestados à colônia pela família Nunez. Posteriormente, o genro do Dr. Samuel Nunez mudou-se para Nova York e se tornou o líder espiritual da recém-fundada comunidade portuguesa. Um descendente deste ramo da família do Dr. Samuel Nunez Ribeiro foi prefeito de Nova York, Dr. Manuel Mordechai Noah, idealizador de um dos projetos de estabelecer uma colônia judaica na América.
Com certeza concordaremos que a família daquele nobre e corajoso médico, temente a D'_us, Dr. Samuel Nunez Ribeiro, merece um local de destaque na História Judaica.
Por Nissan Mindel /
Alguns dados sobre os judeus na espanha constam no capítulo inicial.
Samuel Nuñez Ribiero
Certamente você já ouviu falar da 'Era Dourada' dos judeus da Espanha, há quase mil anos. Foi na época em que a Espanha era governada pelos árabes. Muitos judeus notáveis e famosos, talmudistas, poetas, filósofos e músicos floresceram na Espanha naqueles dias. Rabi Moshe ben Maimon, Rabi Judah Halevi, Rabi Moses ben Nachman, Rabi Avraham ben Ezra, Rabi Solomon ibn Gabirol, Rabi Joseph In Migash são apenas alguns dos vultos famosos de nossa História. Muitos judeus também ocuparam posições importantes nos assuntos de Estado, como conselheiros ou ministros dos governantes árabes, os Califas, como Hasdai ibn Shaprut, Rabi Samuel Hanagid, e outros.
Os estadistas e financistas judeus, bem como os mercadores e artesãos, ajudaram a desenvolver o comércio e a indústria do país. Havia famosas academias talmúdicas (yeshivot) nas comunidades judaicas espanholas, e os judeus viviam felizes, tanto material quanto espiritualmente. Este feliz estado de coisas durou por cerca de duzentos anos, e então veio o trágico fim. Primeiro houve uma mudança nos governantes árabes, que deixaram de ser amigos dos judeus. Então a Espanha passou gradualmente a ficar sob o domínio dos cristãos, que expulsaram os árabes e se tornaram os novos governantes.
Pois nem bem o reinado cristão foi firmemente estabelecido na Espanha, e começaram os terríveis tempos para os judeus. Monges fanáticos espalharam o ódio contra os judeus que não aceitavam a fé cristã. Havia libelos de sangue e ataques contra judeus. Estes tiveram de fazer uma terrível opção: a cruz ou a espada. Embora muitos judeus preferissem morrer por sua fé, outros não tiveram a força de fazê-lo, e se tornaram "cristãos" apenas no nome, praticando secretamente sua fé judaica. Eram chamados "Marranos" (porcos, em espanhol) pelos cristãos, que os desprezavam e odiavam. Os líderes da Igreja começaram a vigiá-los, e estabeleceram um tribunal secreto, a Inquisição, onde os Marranos suspeitos eram torturados para serem forçados a confessar sua lealdade à fé judaica. Então eram queimados vivos em praça pública, para espalhar o terror entre os outros Marranos.
Apesar disso, os Marranos demonstraram imensa coragem, e continuaram a praticar sua fé secretamente nos porões de suas casas. Eles casavam-se apenas entre si mesmos, e permaneciam fiéis à religião de seus ancestrais. À medida que aumentavam as perseguições contra os judeus, crescia o número de Marranos. A Inquisição decidiu que enquanto houvessem judeus na Espanha, os Marranos não assimilariam com os cristãos, e de qualquer maneira os judeus não eram mais desejados na Espanha. E então, quando o Rei Fernando e a Rainha Isabel de Espanha uniram todos os cristãos sob seu governo, foram persuadidos pela Inquisição a expulsar os judeus do país.
Em Tishá Beav de 5252 (1492), os judeus da Espanha foram expulsos do país; somente aqueles que concordavam em se tornar cristãos tiveram permissão de ficar. Cerca de 150.000 judeus deixaram suas casas e seus pertences para trás, e saíram da Espanha. Isso foi tudo que restou dos judeus que certa vez tinham vivido tão felizes naquele país. Muitos deles encontraram refúgio no país vizinho, Portugal, mas após cinco anos foram expulsos ainda mais cruelmente daquela nação. Os Marranos continuaram a levar a vida como antes, e a Inquisição teve muito o que fazer nos séculos seguintes.
Daremos aqui a história de uma famosa família de Marranos, cerca de duzentos anos após a expulsão da Espanha e Portugal.
Os Marranos daqueles países, vivendo em constante terror, tinham apenas uma esperança: escapar para algum país amigo para jogar fora aquele odioso disfarce e viverem abertamente como judeus.
Assim ocorria com a família Nunez. Durante muitas gerações, esta família mantivera sua fé judaica em segredo, e alguns membros da família tiveram morte violenta nas mãos da Inquisição. (Clara Nunez foi queimada em Sevilha, Espanha, em 1632, e no mesmo ano Isabel e Helen Nunez também foram condenadas à morte por sua lealdade à fé judaica). Um ramo da família, que vivia em Portugal, estava entre as mais conhecidas famílias nobres. Embora vivessem quase 250 anos depois da Expulsão da Espanha e Portugal, esta família ainda observava secretamente a religião judaica. Era liderada por Samuel Nunez, nascido em Portugal, e que se tornara um famoso médico. Fora nomeado Médico da Corte do Rei de Portugal. Além dos serviços que prestava à família real, toda a nobreza considerava um privilégio ser atendido por ele. O Dr. Nunez não era requisitado apenas como profissional, como também era convidado a todos os eventos sociais importantes. Além disso, quando ele organizava um banquete ou um baile em seu lindo palácio sobre o Rio Tejo, a elite da sociedade lisboeta estava entre seus convidados.
O Dr. Nunez ainda era jovem quando atingiu o auge do seu sucesso profissional e nos círculos sociais. Isso naturalmente provocou inveja entre os seus competidores, e a Inquisição deu a eles uma excelente oportunidade de tentar prejudicá-lo.
Embora na superfície o Dr. Nunez fosse um católico tão bom quanto qualquer outro cristão que freqüentasse a igreja, os líderes da Inquisição registraram os avisos dados pelos inimigos do médico. Eles conseguiram infiltrar um "agente" na casa da família Nunez, disfarçado de criado, para informar sobre o que acontecia no círculo familiar.
Finalmente o agente relatou que a família Nunez estava definitivamente praticando a religião judaica em segredo, pois todos os sábados, eles se recolhiam a uma sinagoga nos subterrâneos do palácio, onde jogavam fora o disfarce de cristãos e rezavam como verdadeiros judeus.
Embora os líderes da Inquisição conseguissem prender toda a família Nunez e colocá-la na prisão, sua alegria durou pouco, pois o Dr. Nunez era muito popular e tinha amigos influentes entre a nobreza. Estes convenceram o rei a libertar Dr. Nunez e sua família da prisão e permitir que se instalassem novamente no palácio como Médico da Corte.
Geralmente o rei era completamente influenciado por seu "padre confessor" – um sacerdote católico, mas nesse caso ele não lhe contou sua decisão (apoiado por toda a família real), dando ordens para que a família Nunez fosse libertada imediatamente e pudesse voltar à sua residência às margens do Tejo.
Havia uma condição, porém, que empanava a alegria da família Nunez durante sua libertação – dois funcionários da Inquisição deveriam residir com a família para certificar que eles não praticavam a religião judaica. Isso, obviamente, fez o Dr. Nunez planejar uma fuga. Mas como conseguir isso sob os olhos sempre vigilantes dos inquisidores?
O Dr. Nunez teve uma idéia ousada e brilhante. Organizou um banquete e convidou todas as pessoas importantes da cidade. Entre essas havia muitos funcionários de altos cargos que, embora suspeitassem dele no tocante à fé, ficaram felizes em aceitar o convite para o banquete, pois era considerado um privilégio estar presente.
O banquete terminou e o baile estava no auge quando o Dr. Nunez mandou a orquestra parar e fez a seguinte declaração chocante:
"Meus amigos! Tenho uma bela surpresa para vocês! Estão todos convidados a embarcarem em meu iate, que foi preparado para o vosso prazer. As diversões da noite continuarão ali, com o Capitão ao vosso serviço. Por aqui, Senhoras e Cavalheiros!"
Com estas palavras, Dr. Nunez saiu da sala, e todos os convidados o seguiram alegremente, deliciados com a surpresa.
Todos apanharam seus casacos e, conversando com animação, embarcaram no iate que balançava suavemente no embarcadouro do palácio.
O que os convidados não sabiam era que uma surpresa não muito agradável os esperava. Somente uma hora depois do embarque, eles perceberam que o iate estava se movendo! E a julgar pela velocidade, não era um iate, mas um barco enorme. Sim, eles estavam navegando para longe da costa de Portugal a toda velocidade, rumando para as praias mais amigáveis da Inglaterra. Bem, amigáveis para a família Nunez. O médico arranjara cada detalhe com a ajuda dos seus parentes, os Mendez, um dos quais tinha se casado com a filha de Nunez. Este conseguira vender em segredo parte de suas propriedades e outros bens, e tinha transferido o dinheiro para a Inglaterra através de mensageiros secretos. Assim ele conseguiu contratar um capitão britânico para levar seu barco ao Rio Tejo na noite do banquete, preparado para receber muitos passageiros.
O Dr. Nunez assegurou aos convidados que, assim que chegassem à costa inglesa, o barco voltaria imediatamente com eles para Portugal. Quanto ao Dr. Nunez, os convidados tinham de admitir que não era sua culpa o fato de ser obrigado pela Inquisição a deixar o país que estiveram tão pronto a aceitar seus serviços e seu conhecimento, mas não lhe permitira que ele e a família vivessem segundo sua fé e consciência.
Conforme fora arranjado com antecedência, a família Nunez foi transferida para outro barco que estava deixando a Inglaterra com outros marranos a caminho da Geórgia, na América, para estabelecer uma colônia. No verão de 1733, os Marranos, liderados pela família Nunez, chegaram a Savaná, na Geórgia. Foram calorosamente recebidos pelo governador inglês, James Oglethorpe, um homem tolerante e compreensivo.
Quando os administradores do território em Londres souberam que Oglethorpe tinha doado terra aos refugiados judeus, e que eles construíram casas e estavam bem estabelecidos, enviaram um protesto indignado ao Governador, dizendo: "Não queremos que a nova terra se torne uma colônia judaica!"
O Governador, porém, era um homem justo que percebera como tinha sorte de contar com refugiados tão valiosos. O Dr, Nunez certamente seria útil naquelas vastidões semi-desertas, pois poucos profissionais se aventuravam a viver naquele país pioneiro. Os outros refugiados, também, tinham levado seus ofícios e riquezas com eles, mas mesmo que não tivessem, o bondoso Governador não tinha intenção de fazer os recém-chegados sofrerem perseguição no novo país. Eles já tinham sofrido bastante em suas terras de origem.
Quando os administradores em Londres continuaram a insistir com Oglethorpe para expulsar os colonos judeus, ele fingiu levar a ordem em consideração. Porém os registros daqueles tempos, ainda preservados em Savaná, demonstram que não apenas ele não expulsou os judeus, como ao contrário, concedeu-lhes ainda mais terras e privilégios.
A História nos conta que o Dr. Nunez e sua família mais tarde se mudaram para Charleston, na Carolina do Sul. Porém alguns membros da família permaneceram em Savaná, cultivando as seis ricas propriedades que receberam do Governador Oglethorpe, pelos valiosos serviços prestados à colônia pela família Nunez. Posteriormente, o genro do Dr. Samuel Nunez mudou-se para Nova York e se tornou o líder espiritual da recém-fundada comunidade portuguesa. Um descendente deste ramo da família do Dr. Samuel Nunez Ribeiro foi prefeito de Nova York, Dr. Manuel Mordechai Noah, idealizador de um dos projetos de estabelecer uma colônia judaica na América.
Com certeza concordaremos que a família daquele nobre e corajoso médico, temente a D'_us, Dr. Samuel Nunez Ribeiro, merece um local de destaque na História Judaica.
Por Nissan Mindel /
Alguns dados sobre os judeus na espanha constam no capítulo inicial.
ULTIMA ATUALIZAÇÃO: 16/01/2013
Que legal, gostei de suas informaçoes, e vou compartilhar com minha família. Forte abraço!!!
ResponderExcluirMeu nome Miguel Luciano Nunes meu bisavô e Luciano galo nunes ali e o primeiro morador da cidade cimonezia MG
ResponderExcluirB.noite,muito boa a matéria.
ResponderExcluirEu eu sou neto de :
Elisa dos Santos Nunes e Pedro Nunes. Rj
Gostaria de saber mais sobre os nunes do RJ
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